lunes, 3 de agosto de 2009

A ROTA SEGUIDA POR VASCO DA GAMA PELO ATLÂNTICO SUL ,NA SUA 1ª VIAGEM À INDIA


A ROTA SEGUIDA POR VASCO DA GAMA PELO ATLÂNTICO SUL ,NA SUA
PRIMEIRA VIAGEM À INDIA

Por vezes algum acontecimento nos abre as portas para a resolução de problemas que aparentemente ninguém tinha tido a percepção de que aí estava a solução.

Com a tragédia do Airbus da Air France, que naufragou a alguns kilometros da costa brasileira,
dia 31.05.2009, tivémos conhecimento da existência de umas ilhas, perdidas no Atlântico,
conhecidas por arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, e assim, pela primeira vez, podémos
compreender exactamente a Álvaro Velho, na descrição que faz da primeira viagem de Vasco da
Gama à India, narrada no chamado ROTEIRO. (ver no final extrato do ROTEIRO).

Álvaro Velho, era Vedor, ou até mesmo piloto de uma das naus da armada e, portanto, testemunha directa dos acontecimentos. Alguns historiadores, pretendiam que este Álvaro Velho fosse um simples marinheiro, e até alguns dizem que seria um degredado, esquecendo-se que naquela época, todo aquele que sabia escrever, teria que pertencer obrigatóriamente à nobreza ou à alta burguesia comerciante e, que, nenhum nobre, ou burguês, poderia ter sido enrolado como um simples marinheiro. Álvaro Velho aparece descrito como Vedor da armada de Vasco da Gama, no livro de J. M. Latino Coelho, com o título: " VASCO DA GAMA".

Pela leitura do Roteiro, único testemunho directo daquela viagem, se deduz que este Álvaro Velho acompanhou a Vasco da Gama nas várias visitas que este fez ao Samorim de Calecut. Ora,
um simples marinheiro, ou mesmo um simples soldado, e nunca um degredado, jamais teria tido
esse privilégio.

Também nos apoiamos no relato que este faz, na angra de S. Braz, para afirmar que era um dos
principais da tripulação, pois como nos diz na pág. 9:" vieram obra de noventa homens baços... E
nós estavamos todos ou a mayor parte de nós a este tempo na naoo do capitam moor", Não
podemos imaginar que toda a tripulação da frota estivesse a bordo da nau capitana, portanto,
quando diz: " nós estavamos todos ou a maior parte de nós", se refere aos nobres e principais da
tripulação. Já anteriormente na pág 6 e 7 nos indica que, quando Fenão Veloso acompanha os
indigenas de Santa Helena por terra a dentro, os outros regressão aos navios e, " nós tornámonos ao navio do capitam mor a cear... e nós estavamos ainda ceando, e quando o ouvimos ( enquanto
ceavam, Fenão Veloso voltou á praia e chamou os seus), deixaram logo os capitães de comer, e nós outros com eles ". Ora como sabemos, Álvaro Velho não ía embarcado com Gama, mas é
convidado, ou acompanha a este em várias ocasiões a cear ou a ir ao seu navio.

Segundo estudos de genealogia ,que incluimos parcialmente em apendix, Álvaro Velho seria
membro de uma das familias mais antigas e nobres de Portugal, com origem nos Velho, e
entroncada com a familia de Pedro Alvares Cabral.

Pela leitura do Roteiro, sabemos que de Lisboa saíram 4 naus com a missão de descobrir a India,
das quais, uma, era de apoio ou nau de mantimentos: " Na era de 1497 mandou el-rei D. Manuel, o primeiro deste nome em Portugal. a descobrir, quatro navios, os quais iam em busca de
especiarias, dos quais navios ia por capitão-mor Vasco da Gama, (1) e dos outros: dum deles Paulo da Gama, (2) seu irmão, e do outro Nicolau Coelho (3)". Álvaro Velho não nos indica o nome do capitão da naveta de mantimentos.. Esta foi desmantelada nas costas da África do Sul e não queimada, como pretendem alguns historiadores, pois Alvaro Velho nos diz na página 9 do Roteiro " entrámos na angra de Sam Brás, onde estevemos treze dias, porque nesta angra desfezemos a naoo que levava os mantimentos e os recolhemos aos navios".

Segundo Alexandre Herculano e o Barão do Castelo de Paiva, no seu livro "ROTEIRO DA
VIAGEM DE VASCO DA GAMA", 'a armada da descoberta estava integrada por duas naus de
tamanho médio e tres mastros, a S. Gabriel de 120 toneladas, a S. Rafael de 100 toneladas, a
caravela Berrio, de 50 toneladas, e a naveta de mantimentos, outra nau de 200 toneladas. Os
primeiros dois foram construidas sob a direcção de Bartolomeu Dias (que já tinha experiencia dos
mares autraes), e da madeira que D. João II já tinha mandado cortar a João de Bragança, seu
moço do monte, e que fora conduzida para a Casa da Mina em 1494; sendo o agente desta
construção e do despacho de toda a armada Fernão Lourenço, tesoreriro da referida casa e um dos magnificos homens daquele tempo. A caravela foi comprada por el-rei D. Manuel a um piloto da vila de Lagos, chamado Berrio, de quem a embarcação tomou o nome. A nao de mantimentos
também foi comprada por D. Manuel a um Aires Correia.

Na capitania, o S. Gabriel, ía por capitão mor Vasco da Gama, levando por piloto Pero de
Alemquer, que com Bartolomeu Dias tinha chegado até o rio do Infante no ano de 1487 e por
escrivão Diogo Dias, irmão de Batolomeu Dias.

No S. Rafael ía por capitão Paulo da Gama, irmão do Capitão mor, por piloto João de Coimbra, e
por escrivão João de Sá.

Na Berrio ía por capitão Nicolau Coelho, por piloto Pero Escobar, e por escrivão Alvaro de Braga.
Na nau de mantimentos ía por capitão um criado de Vasco da Gama, chamado Gonçalo Nunes, a
quem Castanheda, chamou por engano na 1ª edição do seu 1º livro de Gonçalo Gomes,
emendando-se para Nunes na 2ª. Íam por interpretes, do arabico Fernão Martins e da lingua dos negros Martim Afonso, que pormuito tempo andara em Manicongo, como nos diz Álvaro Velho.

A História conserva ademais os nomes de Alvaro Velho, Fernão Veloso, Gonçalo Pires, Gonçalo
Alvares, mestre do navio S. Gabriel, Sancho Mexia, Pedro de Faria, os irmãos Figueiredo e
Francisco, ambos mortos no cabo das Correntes, e Leonardo Ribeiro. Seria capelão da armada
Pero de Cobillones, religioso da Ordem da Trindade, segundo Faria de Sousa na sua Asia.'-
A bordo iriam 160 homens, dos quais, apenas chegaram a Lisboa 55. Haviam morto 32% da
tripulação naquela magna aventura . Entre estes iriam cerca de 10 ou 12 degradados, que Vasco da Gama levava para deixar em terra em pontos em que lhe parecesse poderiam tomar informação da mesma, os quais deviam ser recolhidos aos navios na volta da armada para Portugal.

Isto nos leva, inevitavelmente, a colocar a questão em que navio ía embarcado Álvaro Velho..."E
foi de noite tamanha a cerração que se perdeu Paulo da Gama de toda a frota por um cabo e, pelo
outro, o Capitão-mor. E, depois que amanheceu, não houvemos vista dele nem dos outros navios; e nós fizemos o caminho das Ilhas de Cabo Verde como tinham ordenado que quem se perdesse
seguisse esta rota." E pelo amanhecer não houvemos vista dele ( de Paulo ou do Capitão-mor ? )
nem dos outros navios...

Iria Alvaro Velho a bordo do navio de Paulo da Gama? Ou a bordo de outra nau?

"Ao domingo seguinte, (23/07) em amanhecendo, houvemos vista da Ilha do Sal, e logo daí a uma hora houvemos... (Alvaro Velho estava neste 1º navio )... vista de três navios, os quais fomos demandar; e achámos... (1º ) a nau dos mantimentos, ...( 2º a nau de )... Nicolau Coelho e... ( 3º a nau de )... Bartolomeu Dias, que ia em nossa companhia até à Mina, os quais também tinham perdido o Capitão-mor." ( que seria o 5º navio)... "E, depois de sermos juntos, seguimos nossa rota, e faleceu-nos o vento e andámos em calmaria até à quarta-feira seguinte.(26/07) E, às dez horas do dia, houvemos vista...( do 5º navio)... do Capitão-mor, avante (de) nós obra de cinco léguas;" (entre a Ilha do Sal, pela manhã do dia 23/07, e o dia 26/07, estiveram em calmaria, de tal forma que "às dez horas do dia, houvemos vista do Capitão-mor, avante nós obra de cinco léguas; e sobre a tarde nos viemos a falar com muita alegria"... Ou seja, caminharam 5 léguas (27,7 km ou 15 milhas) em 7 horas aprox. o que dá 2,1 nós de velocidade média, supondo que Vasco da Gama teria reduzido pano para deter a sua marcha e deixar-se alcançar pelos outros). " ao outro dia (27/07), que era quinta-feira, chegámos à Ilha de Santiago onde pousámos na Praia de Santa Maria com muito prazer e folgar".

Portanto, Alvaro Velho, que ía num navio, encontra a tres navios dos perdidos, faltando ainda por achar a do Capitão-mor. Seriam portanto no total 5 navios, dos quais um, o comandado por
Bartolomeu Dias, integrado na expedição mas com destino à Mina.

Pelo descrito sabemos que Álvaro Velho não ia embarcado nem na nau de mantimentos(1), nem na nau de Nicolau Coelho,(2) nem na nau de Bartolomeu Dias (3), nem na nau de Vasco da Gama (4). Álvaro Velho não refere o encontro com a nau de Paulo da Gama, o que nos levaria a pensar que estaria a bordo deste navio.

Mas se Álvaro Velho estava embarcado com Paulo da Gama, porquê não indica alguns factos,
importantes, narrados pelos historiadores, e que teriam passado a bordo da S. Rafael ?

Um dos casos mais relevantes que ignora o ROTEIRO, é o caso de que, estando a frota
inspeccionando o rio Zambeze, aconteceu o seguinte: " refere João de Barros que esteve a pique de achar nas àguas o sepulcro o imortal navegador. E foi o caso que estando Vasco da Gama e mais dois marinheiros numa pequena bateira junto à nau S. Rafael, conversando com o irmão, firmandose com as mãos nas cadeias da abatocadura, corria a àgua tão veloz, que furtando-lhe o batel, o deixou por breve espaço pendente naquela constrangida posição até virem acudir-lhe". Ora, um facto tão relevante, como este, não deixaria de ter sido contado por Álvaro Velho, se este estivesse embarcado na S. Rafael. Igualmente conhecemos, por Barros, que ao sair a frota do Zambeze a nau de Paulo da Gama foi tocar numa coroa de areia, e dando em seco ali se pôs em risco de lhe ficar encalhada para sempre, se daquele desastre se não livrara por efeito da maré". In "Vasco da Gama" de J.M.Latino Coelho. Estes dois acontecimentos não aprecem relatados no ROTEIRO.

Isto nos leva a supor que Álvaro Velho naqueles momentos não estava embarcado nesta nau e, se não estava embarcado na S. Rafael, em que nau estaria?

Alguns autores nomeiam o nome de uma outra Nau, a S. Miguel, nunca referida no ROTEIRO.
" À sexta-feira 2 de Março mandou Vasco da Gama que Nicolau Coelho na sua caravela,
porque era de todos os navios o menor e mais ligeiro, fosse na vanguarda e ele metendo o
Berrio ou o S. Miguel, por uma angra.... errou o canal e achou um baixo". In J.M. Latino
Coelho, pág 197.-

Ora no Roteiro, Álvaro Velho não indica o nome de S. Miguel, dizendo apenas que: "Á sexta feira
pela manhã, indo Nicolau Coelho por dentro daquela angra errou o canal e achou baixo..." " e que
Nicolao Coelho fosse primeiro com o seu navio a sondar a barra e que se fosse para entrar que
entrariam. E indo Nicolau Coelho para entrar foi dar na ponta daquela ilha e quebrou o leme, e
assim saio para o alto (mar) e eu era alí com ele-"

Estava Álvaro Velho a bordo da Berrio? Que significa "e eu era alí com ele"? Poderia simplesmente indicar que Álvaro Velho se encontrava apoiando a missão de sondar a barra, ou
simplesmente que se encontrava a bordo de outra nau, apoiando a Berrio que estaria sem governo por ter quebrado o leme... Se Álvaro Velho estivesse na Berrio, não teria sido mais lógico indicar: " e que Nicolao Coelho fosse primeiro com o seu navio a sondar ...... E indo nós para entrar fomos dar na ponta daquela ilha..." ?

Segundo alguns autores, entre eles J. M. Latino Coelho, Álvaro Velho seria Veador da armada, ou
da nau de Paulo da Gama. Assim, andaria de nau em nau, sem estar adescrito a alguma tripulação em concreto...
Cremos que O ROTEIRO è nitidamente um resumo de um diário de navegação, escrito por um
nauta, sem qualquer pretenção literária, que vai apontando apenas as incidências de viagem por ele vividas ou presenciadas, como o faria qualquer navegante, escrevendo sempre em 3ª pessoa, como normalmente o faz qualquer pessoa com mando, como por exemplo apontamos: "houvemos vista da Ilha do Sal", "houvemos vista de três navios, os quais fomos demandar; e achámos a";"Bartolomeu Dias, que ia em nossa companhia";"fomos demandar; e achámos "; "E, depois de sermos juntos, seguimos nossa rota, e faleceu-nos o vento e andámos em calmaria "; "À quarta-feira lançámos âncora na dita baía,(dia 08/11) onde estivemos oito dias limpando os navios e corrigindo as velas e tomando lenha. (16/11)" etc... etc... Nunca encontramos uma única palabra que indique subordinação, como por exemplo "nos mandaram", como seria lógico se fosse um simples individuo a bordo. O lógico, seria dizer: " quarta feira nos mandaram lançar ancora, onde nos mandaram limpar o casco dos barcos, remendar velas e apanhar lenha"...

A primeira frase do Diário de Navegação indica, logo de inicio, que quem escrevia era um dos
responsáveis, que se pôs a escrever assim que poude descansar das manobras da partida, e que, logo no inicio da aventura maritima, se encomenda a Deus, pedindo que, "nosso caminho, que Deus Nosso Senhor deixe acabar em seu serviço. Amém." (Esta frase deixa antever uma certa
preocupação de inicio de aventura, e até um certo temor ao desconhecido que se avizinha).
"Partimos do Restelo um sábado, que eram oito dias do mês de Julho da dita era de 1497, nosso
caminho, que Deus Nosso Senhor deixe acabar em seu serviço. Amém."
O inicio da narração parece ser a introdução feita pelo copista do ROTEIRO: "Em nome de Deus,
Amém. Na era de 1497 mandou el-rei D. Manuel, o primeiro deste nome em Portugal, a descobrir, quatro navios, os quais iam em busca de especiarias, dos quais navios ia por capitão-mor Vasco da Gama, e dos outros: dum deles Paulo da Gama, seu irmão, e do outro Nicolau Coelho."

Chama poderosamente a atenção que Álvaro Velho nunca indica o nome do capitão da naveta de
mantimentos, como se fosse comandada por alguém que não pertencesse à mesma categoria social
dos outros capitães, ou tivese uma missão menos importante na aventura da descoberta...
Deixando estas considerações, passamos então a analizar a viagem e rumos seguidos por Vasco da Gama pelo Atlântico Sul, auxiliando-nos de mapas de ventos e correntes maritimas dominantes para essa època do ano, e área de navegação, (Agosto, Setembro e Outubro).
Passando por alto a parte da viagem mais simples e conhecida, (a saida de Lisboa, a passagem
pelas Canárias e a peripécia das duas horas de pesca na costa africana), nos dedicaremos a analizar aquela parte da viagem sobre a qual não hà a mínima indicação sobre posições ou rumos seguidos, pois até nós não nos chegou o Livro de Bitácora onde esses apontamentos teriam sido feitos.

Uma das palavras chave para entender a derrota de Vasco da Gama pelo Atlântico Sul, e que
parece não ter sido bem entendida pelos historiadores e analistas do ROTEIRO, está no conhecimento do regime de ventos e correntes maritimas, que teriam que ter, para fazer aquilo que os navegantes da época chamavam de VOLTA DO MAR como nos indica Álvaro Velho: " E em vinte e dois do dito mês, indo na volta do mar ao sul quarta do sudoeste, (rumo 192º) achámos muitas aves, feitas como garções, e, quando veio a noite, tiravam contra o su-sueste". É esta a chave para entender que a frota, da 1ª viagem à India, se afastou do continente africano procurando ventos e correntes maritimas, que os ajudassem na travessia. Aqueles nautas já se haviam dado conta que, como no hemisfério norte, para cruzar o Atlantico Sul havia que fazer A VOLTA DO MAR ou ir contornando o mar. Havia portanto que navegar para Ocidente e em direção aos polos, para aproveitar ventos e correntes. Todo um conhecimento cientifico e de expertos navegantes.

Seguindo a Alvaro Velho, a frota saiu das Ilhas de Cabo Verde dia 3 de Agosto de 1497, com
vento de Leste e em direção a alto mar, por forma a evitar os ventos contrários e as calmarias da
costa da Guiné: "E uma quinta-feira, que eram três dias de Agosto, partimos em leste (com vento de Leste ) e, indo um dia com (rumo) sul, quebrou a verga ao Capitão-mor, e foi em dezoito dias de Agosto; e seria isto duzentas léguas da Ilha de Santiago."

Segundo os nossos cálculos, a 18 de Agosto a frota se encontrava a 594 milhas de Cabo Verde:
(200 léguas x 5,5 km por légua = 1.110 km que dividido por 1,852 km = 594 milhas; Teriam
navegado 594 milhas em 340 horas (aproximadamente), a uma média de 1,8 nós. " E indo hum dia com sul quebrou a verga do Capitam moor, e foi em XVIII dias de agosto, e seria isto CC legoas da Ilha de Samtiago, e pairámos com o traquete e papafigo dous dias e huma noute. " (Pairaram apenas levando as velas do traquete, ou do mastro de proa e a vela de papafigo, também de proa, relantizando a marcha para dar tempo à reparação da verga da nau capitana.
Estavam naquele momento atravessando zonas de calmaria e por isso a média è tão pobre: 1,8 nós). E, continua Álvaro Velho, " e em vinte e dois do dito mês, (quatro dias depois) indo na volta do mar ao sul e a quarta do sudueste, ( levavam rumo de 192º) " "achámos muitas aves, feitas como garções, e, quando veio a noite, tiravam contra o susoeste muito rijas como aves que iam para terra; e neste mesmo dia vimos uma baleia, e isto bem oitocentas léguas em mar."( susoeste, ou susueste, 157º ; entre o sul e o SE, estariam a passar a NW de uma Ilha ou terra ).

Alguns autores pretendem que esta ilha ou terra estivesse a oeste da frota mas como nos indica
Alvaro Velho, referindo- se ao Cabo de Boa Esperança, pág. 8 do Roteiro," e o dito cabo jaz de
nordeste sudueste", então temos que distinguir entre Sudueste e Susueste (SW e SSE). Já Marco
Polo nos indica que susueste fica entre o meio dia (S) e o SE. Assim, estas aves se dirigiam a E e
não a O, e a dita terra ou ilha estaria entre a frota e Africa.

"E isto bem oitocentas léguas em mar". Como anteriormente, calculamos: ( 800 leguas x 5,5 =
4.400 km / 1.852 = 2.376 milhas). Teriam realmente navegado 2.376 milhas desde C. Verde e feito 2.376 milhas em 445 horas com média de 5,3 nós ? Impossivel!!, e mais se temos que entre o dia 18 e o dia 22 não poderiam ter navegado 600 léguas. Visto esta impossibilidade, temos que entender estas medidas desde outro ponto de vista.

Analizemos as distancias indicadas por Álvaro Velho:

Desde Lisboa a S. Vicente de Cabo Verde são 1.555 milhas (segundo tabela de distancias
maritimas), menos as 2.376 em que dizia estar em mar no dia 22 de Agosto, dão 821 milhas, que
seriam as navegadas desde C. Verde até esse ponto. Ou seja, Álvaro Velho quando indicava as
800 léguas em mar, indicava a distancia total navegada desde Lisboa até 22 de Agosto: 2.376
milhas; e desde a saída de Cabo Verde, dia 3 de Agosto até o dia 18 de Agosto, haviam navegado
200 léguas ou 594 milhas " e seria isto duzentas léguas da Ilha de Santiago"; e, entre o dia 18 e 22 de Agosto teriam navegado 227 milhas ( 821 - 594= 227 ),o que é bastante mais entendivel.

De Lisboa a C. Verde navegaram 1555 milhas em 332 horas = 4,68 nós; de C. Verde ao dia 18 de
Agosto tinham navegado 594 milhas em 348 horas = 1,8 nós; entre o dia 18 e o 22 de Agosto
navegaram 227 milhas em 102 horas = 2,22 nós. Total navegado desde a saida de Lisboa, dia 8 de Julho até ao dia 22 de Agosto pela tarde, 2.376 milhas (800 léguas) em 782 horas = 3 nós de média.

Mas, que ilhas ou terras poderiam haver nesta parte do Atlântico Sul para onde se dirigiram
aquelas gaivotas? ("achámos muitas aves, feitas como garções, e, quando veio a noite, tiravam
contra o susoeste muito rijas como aves que iam para terra"). As únicas ilhas possiveis só podem
ser as do arquipélago de S. Pedro e S. Paolo que estão de Lisboa a 2.445 milhas de distancia e
coincidentes com o rumo da volta do mar empreendida por Gama.

Passamos a demonstrar que só podem ser estas as Ilhas a que se referia Álvaro Velho no seu
ROTEIRO, " e em vinte e dois do dito mês... achámos muitas aves, feitas como garções, e, quando veio a noite, tiravam contra o susoeste muito rijas como aves que iam para terra".

Situado a 01º 19',17 de Latitude Norte e a 029º 27',30 de Longitude Oeste, o arquipélago de S.
Pedro e S. Paulo , está distante 1.650 km das lhas de Cabo Verde, Porto Velho, ( situadas a 14º
39',14 de Latitude Norte e a 024º 24',21 de Longitude Oeste), a 704 Km a Este da Ilha de
Fernando de Noronha e a 1296 Km a Este de Recife, no Brasil. O rumo entre C. Verde e aquele
arquipélago é aproximadamente de 195º, ou sul quarta de sudoeste, justamente o rumo indicado
por Alvaro Velho, no seu ROTEIRO, em que diz terem saido de Cabo Verde dia 3 de Agosto em
Leste (isto é, com vento de Leste) e que com rumo de sul quarta de sudoeste (ou S 1/4 de SW ou
192º)..."E em vinte e dois do dito mês, indo na volta do mar ao sul quarta do sudoeste, (rumo 192º) achámos muitas aves, feitas como garções,".

Portanto, a frota de Vasco da Gama, dia 22 de Agosto, estaria a cerca de 821 milhas de Cabo
Verde. Ora o arquipelago de S. Pedro e S. Paulo está a 1650 km, ou 890 milhas de Cabo Verde e, se a 22 de Agosto, Álvaro Velho indica, que ao fim da tarde, as gaivotas voavam em direcção a susueste, isto só nos pode levar à conclusão de que, aquele dia 22 de Agosto, Vasco da Gama estava a cerca de 69 milhas a NNW deste arquipélago. (890-821= 69 milhas).

Os marinheiros, por sua experiência, sabiam que aquelas aves iam de volta a seus ninhos em
alguma ilha próxima que estaria entre a frota e a costa Africana. Alguns historiadores,
desconhecendo a existência deste arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, tentaram ver um erro na
escrita deste nauta, ( que agora sabemos ter indicado distancias muito correctas), e indicavam que o voo das gaivotas deveria ser em direcção à terra que anos mais tarde seria visitada por Pedro Alvares Cabral e que foi conhecida como terra de Vera Cruz; outros, diriam que seria a ilha que mais tarde viria a ser conhecida por Fernando de Noronha, o que nos parece de todo impossivel ao estar esta ilha 380 milhas mais a oeste de S. Pedro e S. Paulo, ou a 1.270 milhas de C. Verde.
Todas estas interpretações não estariam de acordo com o indicado no ROTEIRO mas, se estavam a 22 de Agosto a 821 milhas de C. Verde, ( nunca a 1.270 milhas), como demonstrámos anteriormente, as únicas ilhas possiveis seriam as de S.Pedro e S.Paulo que distam de C. Verde 890 milhas.

Outra Ilha que poderia ter sido o pouso daquelas gaivotas, seria a Ilha de Ascenção, situadas a 07º 55',54 Sul e a 014º 23'31 Oeste, aproximadamente a 143º ou sul ¾ de sueste de rumo desde C. Verde mas, Ascenção está a 2.676 km do Arquipelago de Cabo Verde, o que daria 1.445 milhas ou 486,6 léguas de distancia. Ora a 22 de Agosto, Álvaro Velho dizia que estavam a 821 milhas de C. Verde (1.520 km ou 276 léguas), o que nunca poderia coincidir com esta Ilha de Ascenção.

Há outra Ilha, que temos que descartar também, que é a Ilha de S. Matheus a 229 légas a susueste de Cabo Verde, (1260 km ou 680 milhas) pois não coincide também com o ROTEIRO, ao estar práticamente no Golfo da Guiné, contradizendo também, por isso, a lógica dos rumos
seguidos pelas frotas de Pedro Alvares Cabral e João da Nova, (que se seguiram a esta primeira
viagem de Gama), e que sabemos terem aportado às costas do Brasil seguindo, o primeiro, as indicações de Gama para a volta do mar..

Distancias entre C. Verde e os diversos arquipelagos e ilhas:

C. Verde / S. Pedro e S. Paolo 890 milhas 300 léguas
C. Verde / Ilha Fernando de Noronha 1.270 milhas 427 léguas
C. Verde / Ilha Ascenção 1.445 milhas 486 léguas
C. Verde / Ilha S. Mateu 680 milhas 229 léguas
C. Verde / Lisboa 1.555 milhas 523 léguas
Lisboa / S. Pedro S. Paolo 1.445 milhas 823 léguas
Lisboa a 22 de Agosto 2.376 milhas 800 léguas

Também quiseram os historiadores, com subjectiva interpretação, justificar a intencionalidade
do desvio para oeste de Alvares Cabral, que teria sido alertado por Vasco da Gama da possivel
existência de terras a occidente, pelo voo daquelas gaivotas, o que está de todo errado, visto
aquelas gaivotas se dirigirem em direcção a alguma terra que estaria entre a frota de Gama e África, sem qualquer relação, portanto, com a futura terra do Brasil, como acabamos de demonstrar.....

Por fim, o descrito por Alvaro Velho passa a ser entendivel e aquelas gaivotas iam efectivamente
em direcção su-sueste e, portanto, em direcção a uma ilha, ou terra, que agora sabemos ser o
arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, por nós apontado.

O ROTEIRO apenas foi redescoberto por Alexandro Herculano em 1834 no mosteiro de Santa
Cruz em Coimbra, e publicado pela primeira vez quatro anos mais tarde, encontrando-se
actualmente na Biblioteca Pública Municipal do Porto. È a partir desta data que as interpretações
sobre a descoberta intencional do Brasil começam a tomar forma, e como quem conta um conto
acrescenta um ponto, os historiadores aproveitaram a ocasião para defender uma tésis que teria que ser apoiada pelo ROTEIRO, ainda que, para tal, tivessem que atribuir a erro de descrição o
testemunho presencial de Alvaro Velho, e não ao desconhecimento deles, historiadores, da
geografia Atlântica. Inclusivé, tentaram despromover a Álvaro Velho, de Vedor ou até piloto de uma das naus e nobre, a simples marinheiro ou homem de armas e plebeu. Com esta despromoção social, pretendiam justificar a falta de conhecimentos daquele nauta narrador, para colocar as suas tésis por cima da narração e do tetemunho directo. Até este ponto chegam alguns, de tão perversos e mesquinhos, a manipular a história para colocár- la ao seu serviço.

O arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, deverá ter sido descoberto na terceira viagem dos
portugueses à India, comandada por João da Nova, e que partira de Lisboa em Maio de 1501, se
temos em conta que, S.Pedro, com celebração festiva a 29 de Junho, e S.Paulo, conhecido pela
sua terceira viagem a Efeso, em que passou triunfal por todas as suas Igrejas, como a resureição de Cristo ao terceiro dia, e que os dois Santos representam a Unidade da Igreja. Dois Santos, duas Ilhas, uma data em Junho e o numero 3; perfeita conjugação...

João da Nova também descobriu, nessa mesma viagem de 1501, as ilhas de Ascenção e Santa
Helena, o que nos aproxima muito à singradura de Vasco da Gama.

Possivelmente a expedição de Vasco da Gama passou a Oeste daquel arquipélago de S.Pedro e
S.Paolo, aproximadamente a 60 milhas de distancia, sem as avistarem mas conscientes da sua
existência . Depois de passarem por estas ilhas, Vasco da Gama, possivelmente 36 horas depois, ao cruzar o equador, terá alterado o seu rumo e posto proa ao Cabo da Boa Esperança. Estava então a 6.240 Km da sua primeira meta que era a Baía de S. Helena, na costa Oeste da Africa do Sul, a poucos kilometros do Cabo que o levaria finalmente à tão esperada India...

Se é como pensamos, que depois de cruzar o Equador, Vasco da Gama inflectiu o seu rumo em
direcção ao Cabo de Boa Esperança, isto nos leva a crer que a expedição pode ter sobrevivido, de
milagro, sem embater contra aquele arquipélago que deverão ter passado pela noite sem o verem.

Traçando o rumo a partir destas Ilhas, e sabendo que Vasco da Gama aportou algures entre a
fronteira da actual Namibia e África do Sul, possivelmente perto da actual cidade de Elizabeth Bay, o mesmo podemos dizer sobre as Ilhas de Ascenção e a de Santa Helena, que se não foram
avistadas, deverá ter sido porque passaram por elas, também pela noite, ou em dia de cerração.
Calculamos que deverá ter passado a cerca de 234 km, ou 126 milhas a Oeste da ilha de Ascenção e, aproximadamente a 10 de Outubro de 1497 (48,5 dias depois de 22 de Agosto), a cerca de 69 km, ou 37 milhas a Oeste da ilha de Santa Helena. ( A ilha de Santa Helena está a 3.230 km ou 1.744 milhas de S. Pedro e S. Paulo e a 2.900 km da baía de Santa Helena. Entre a ilha de Ascenção e a de Santa Helena são 1.298 km e entre esta última e Elizabeth Bay, 2.454 km)

Analizando o regime de ventos do Atlântico Sul para os meses de Julho- Agosto- Setembro,
vemos que entre as Ilhas de C. Verde e o arquipélago referido de S.Pedro e S. Paulo, há areas de
ventos muito fracos e correntes de Leste. Entre estas Ilhas e a Baía de Santa Helena, na costa
Africana, encontramos entre os 20 e os 30º de Latitude Sul, e aprox. entre os 0º e os 30 º W de
Longitude, novamente uma zona de ventos muito débeis no meio do Atlântico. Entre o arquipélago de S.Pedro e S.Paulo, e estas latitudes antes apontadas, o vento sopra predominantemente de Susueste, e desde esta zona até à costa africana de Santa Helena, sopra predominantemente do
quadrante Sul.

Assim, as dificuldades de navegação de Vasco da Gama esteve fundamentalmente em entrar em
zona de calmaria entre os dias 8 a 25 de Agosto, (segundo nossa apreciação), e logo em ter que
navegar contra o vento, obrigando-o a efectuar uma navegação em ziguezague ( ganhando Sul e
Este) até aproximadamente os 25º de latitude Sul e o actual meridiano 0º e, a partir daquí, ao
experimentar ventos do Sul, emendou o seu rumo em direcção à costa Africana, estando assim
justificado o ter aportado algures ao norte de Santa Helena, quer pela direcção dos ventos quer pelas correntes que também são do Sul, o que fez derivar a frota para norte do Cabo de Boa Esperança. (ver: Corrente Fria de Benguela)...

A zona de maior força de vento está entre o arquipélago de S. Pedro e S.Paulo e os 20º Sul e os
15º Oeste. No resto da derrota , a frequencia de vento é normal.. Está, portanto, parcialmente
justificado o que dizem os Historiadores de que, "os navios com muitas tormentas de ventos, chuvas e serrações".. ou "com muitas tormentas e tempos contrários".

A seguir mostramos os mapas de correntes maritimas e o regime de ventos para os meses de
Julho e Agosto e a nossa interpretação sobre a rota seguida nesta 1ª viagem de Vasco da Gama.
O mais extranho nesta viagem de C. Verde à Baía de Santa Helena, é que, apesar de terem estado em alto mar por um periodo de tres meses, que não haja notícias de que a tripulação tenha sofrido de escurbuto. Os primeiros casos de escurbuto apareceran, surprendentemente, já nas costas de Moçambique quando a frota inspeccionava o rio Zambeze, e dizemos que isto è surprendente porque Vasco da Gama e os seus homens, foram agasalhados pelas gentes da terra, com comida e fruta da terra, " subiam às naus como se foram de amigos seus de muitos anos, e traziam aos portugueses do que a terra produzia". Já na viagem desde a India a Portugal, este mal, provocado
pela falta de vitamina C que aportam os alimentos frescos, principalmente frutas, dizimou a maior parte da tripulação. O escurbuto aparece aos dois meses de falta de ingesta desta vitamina. A conclusão lógica è de que a tripulação de Gama teria saído bastante bem alimentada de Portugal, e o aprovisionamento em Cabo Verde foi de qualidade suficiente para evitar aquele mal.

Cálculamos em 8.245milhas o total de milhas navegadas desde C. Verde à costa sul-africana,
incluindo os zigzag, e o total desde Lisboa à baía de Santa Helena em 9.800 milhas. Destas, durante 7.000 milhas navegou Vasco da Gama com ventos contrários, e destas, durante 1.600 milhas, navegou com ventos fortes ou muito fortes e contrários. Ou seja, desde Lisboa à baía de Santa Helena, ( 9.800 milhas), teve ventos favoraveis durante 2.800 milhas e ventos contrários durante 7.000 milhas (aquí incluimos aprox. 3.600 milhas de zonas de vento fracos ou muito fracos,).

Portanto, teve ventos contrários durante 71% de sua viagem entre Lisboa e a baía de Santa Helena.

Total de milhas navegadas: 9.800 :2.538 horas= 3,9 nós aprox., média bastante razoável para
aquela época e pela sujidade dos cascos depois de tantos meses de navegação por mares tropicais.
Terminamos aquí a nossa interpretação da primeira parte da viagem de Vasco da Gama à India.
Seguem os mapas de ventos e correntes maritimas e os possiveis rumos seguidos pela armada de
Gama.
© Fernando Leite Velho

APENDIX
PRIMEIRA PARTE DO CHAMADO ROTEIRO DA ÍNDIA

Em nome de Deus, Amém. Na era de 1497 mandou el-rei D. Manuel, o primeiro deste nome em
Portugal. a descobrir, quatro navios, os quais iam em busca de especiarias, dos quais navios ia porcapitão-mor Vasco da Gama, e dos outros: dum deles Paulo da Gama, seu irmão, e do outro NicolauCoelho.
Partimos do Restelo um sábado, que eram oito dias do mês de Julho da dita era de 1497, nosso
caminho, que Deus Nosso Senhor deixe acabar em seu serviço. Amém.
Primeiramente chegámos ao sábado seguinte à vista das Canárias, e essa noite passámos a julaventode Lançarote, (sotavento de Lançarote; a Este de Lançarote) e à noite seguinte amanhecemos com aTerra Alta, onde fizemos pescaria obra de duas horas, (possivelmente no Cabo Bojador) e logo esta noite,em anoitecendo, éramos através do Rio Oiro. (No antigo Sahara Espanhol, Vila Cisneiros, actual Dahkla).
E foi de noite tamanha a cerração que se perdeu Paulo da Gama de toda a frota por um cabo e, pelooutro, o Capitão-mor. E, depois que amanheceu, não houvemos vista dele nem dos outros navios; e nósfizemos o caminho das Ilhas de Cabo Verde como tinham ordenado que quem se perdesseseguisse esta rota.
Ao domingo seguinte, em amanhecendo, houvemos vista da Ilha do Sal, e logo daí a uma hora
houvemos vista de três navios, os quais fomos demandar; e achámos a nau dos mantimentos, NicolauCoelho e Bartolomeu Dias, que ia em nossa companhia até à Mina, os quais também tinham perdido oCapitão-mor.
E, depois de sermos juntos, seguimos nossa rota, e faleceu-nos o vento e andámos em calmaria até àquarta-feira seguinte. E, às dez horas do dia, houvemos vista do Capitão-mor, avante nós obra de cincoléguas; e sobre a tarde nos viemos a falar com muita alegria, onde tirámos muitas bombardas e tangemostrombetas, e tudo com muito prazer por o termos achado.
E ao outro dia, que era quinta-feira, chegámos à Ilha de Santiago onde pousámos na Praia de SantaMaria com muito prazer e folgar.
E ali tomámos carnes, e água e lenha; e corrigindo as vergas dos navios, porque nos era necessário.
E uma quinta-feira, que eram três dias de Agosto, partimos em leste e, indo um dia com sul, quebrou averga ao Capitão-mor, e foi em dezoito dias de Agosto; e seria isto duzentas léguas da Ilha de Santiago. E
em vinte e dois do dito mês, indo na volta do mar ao sul quarta do sudoeste, achámos muitas aves, feitascomo garções, e, quando veio a noite, tiravam contra o su-sueste muito rijas como aves que iam paraterra; e neste mesmo dia vimos uma baleia, e isto bem oitocentas léguas em mar.
A vinte e sete do mês de Outubro, véspera de S. Simão e Judas, que era sexta-feira, achámos baleias, eumas que se chamam focas, e lobos-marinhos. (estas focas e lobos marinhos, passam a maior parte do
empo bastante longe de terra, na zona de passo de cardumes de sardinhas, e só voltam a terra para criarnas costas de Namibia e África do Sul)
Uma quarta-feira, primeiro dia do mês de Novembro, que foi de Todos-os-Santos, achámos muitos sinaisde terra, os quais eram uns golfões que nascem no longo da costa.
Aos quatro dias do dito mês, sábado antemanhã, achámos fundo de cento e dez braças ao mais. E, àsnove horas do dia, houvemos vista de terra; e, então, nos ajuntámos todos e salvámos o Capitão-mor, commuitas bandeiras, estandartes e muitas bombardas, e todos vestidos de festa. E em este mesmo diavirámos, bem junto com a terra, na volta do mar; porém, não houvemos conhecimento da terra. (não
baixaram a terra)
À terça-feira viemos na volta da terra, e houvemos vista de uma terra baixa e que tinha uma grandebaía. O Capitão-mor mandou Pêro de Alenquer no batel, a sondar se achava bom pouso, pelo qual aachou muito boa e limpa e abrigada de todos os ventos, somente de nordeste.(excepto de nordeste). E elajaz leste-oeste, à qual puseram nome Santa Helena.
À quarta-feira lançámos âncora na dita baía, onde estivemos oito dias limpando os navios e corrigindoas velas e tomando lenha.
A narração segue com a saída da baía de Santa Helena e o resto da viagem, que analizaremos em outroescrito posterior.-
Do nosso estudo de genealogia, sobre a familia Velho, o qual seguimos parcialmente a Felgueiras
Gaio, copiamos este trecho sobre a familia de um Álvaro Velho, que queremos ser o que escreveu oRoteiro. Aquí fica o dato.
Possivel Genealogia de Álvaro Velho

XVII.2-Fernão Velho2, filho de Vicente Eanes Velho, recebeu por Mercê de D.Fernando a Alcadia Mor doCastelo de Valada e D'ElRei D. João II certos bens em Sevilha, pelos muitos serviços de seu pai VicenteEanes. Foi Cavaleiro de S'Antiago, c.c. Maria Afonso Cabral, da casa de Belmonte3 com quem teve:

XVIII.1- Gonçalo Velho Cabral, que descobriu a Ilha de Stª Maria, nos Açores, no ano de 14324
XVIII.2- Álvaro Velho5, que creio ser o que acompanhou a Vasco da Gama na 1ª viagem á India e deixouescrito o relato desta viagem. Era Veador (Intendente) desta Armada e acompanhou a Vasco da Gama naprimeira visita ao Samorim. (ver: Cap. VIII pág. 241 do livro " VASCO DA GAMA" por J.M. Latino Coelho, Edição da: Betrand Editora, Lisboa 2007)
XVIII.3- D. Teresa Velho, mãe de João Soares de Albergaria que foi o 2º Capitão da Ilha de Stª Maria , por nomeação do seu Tio, Gonçalo Velho Cabral, supra
XVIII.4- D. Leonor Velho, que queremos ser a que casou com João Afonso Coscos, cuja geração segue §B
XVIII.5- D. Violante Velho Cabral, c.c. Diogo Gonçalves de Travassos, vedor da casa do Infante D.Pedro, oRegente c.g.
XVIII.6- Nuno Velho Cabral, ( Esta descendência de Nuno Velho Cabral, aparece no “Armorial Lusitano”, quandotrata da família Godolfim, pág. 253) pai de:
XIX.6.1- Margarida Rangel, c.c. Francisco Bormans, da Ilha de S. Miguel, pais de:
XX- António Cabral, nascido na Ilha de S.Miguel, nos Açores, cavaleiro do hábito de Sant' Iago, fidalgocavaleiro da Casa Real e cabo dos galeões no Estado da Índia, casou em segundas núpcias com D.Maria daCunha, filha de João Cardoso da Cunha e de D.Maria Correia.. Foram pais de:
XXI- António Cabral da Cunha Velho, fidalgo cavaleiro da Casa Real, natural de Lisboa, a quem o
embaixador inglês na Corte espanhola, Sir William Godolphin, chamava de primo em carta escrita de Madridem data de 27.12.1685. Casou com D.Bárbara Maria de Matos, filha de D.Lourenço de la Roche, fidalgofrançês, e de sua mulher, D.Cecília de Almeida, natural de Lisboa.
§B

XVIII.4- D. Leonor Velho6, supra, c.c. João Afonso Coscos.
Filha:
2 Também encontrámos na Torre do Tombo a: Fernão Velho, casado com Imaculada (? Iª) de Almeida e um seu irmão,
Gaspar Velho, que viviam no Porto no ano de 1508...
Notas:

- Francisco Velho, que foi cidadão da Cidade do Porto e fez testamento no ano de 1583, a favor de sua mulher..(?). e
filho Manuel Velho....
3 Casa de Belmonte, de onde procede Pedro Álvares Cabral. Assim Gonçalo Velho Cabral e Álvaro Velho eram
primos segundos de Pedro Álvares Cabral.-
4 Em 1415 e em 1416, Gonçalo Velho junto com D.João de Castro, ao serviço do Infante D.Henrique, assumiram o
comando de duas expedições de conquista ás Canárias.
5 Heveria incompatibiladade de datas, pois se este Álvaro Velho era irmão de Gonçalo Velho Cabral, haveria cerca de
81 anos até à descoberta da India... Poderia ser sobrinho ou até neto?
6 Ver pág. 98 do “Armorial Lusitano”, tºtº Bethancourt
XIX- D. Brites Velho c.c. Gaspar Perdomo, n.c. 1440 filho legitimado de Gaspar de Bethancourt, sucesor do
morgado de Águas de Mel, primo de Rui Gonçalves da Câmara. Este Gaspar de Bethancourt, era filho de
Henrique de Bethancourt, um dos dois sobrinhos que acompanharam a João de Bethancourt, o 1º
conquistador das Canárias, que era filho de outro João de Bethancourt, Sr. dos lugares de Bethancourt e de
Granville, na Normandia, camareiro-mor do duque de Borgonha, casado com Madame Maria de Braquemont
Florenville e Sedan, que vivia por 1360.
Aquele João de Bethancourt, filho, armou navios no ano de 1417, com o desejo de achar novas terras e
aportou ás Ilhas Canárias, em Lançarote2, a qual foi de seu senhorio. Deixou esta ilha entregue a dois
sobrinhos que levara consigo, Maciot e Henrique de Bethancourt, filhos de seu irmão Reinaldo de
Bethancourt, não tendo voltado á sua Pátria porque alí morreu, tendo porém alí deixado filhos ilegítimos, dos
quais provém descendência nestas Ilhas Canárias. Falecendo Henrique, passou a totalidade do senhorio de
ditas Ilhas a Maciot, que as vendeu ao Infante D.Henrique de Portugal e passou á Ilha da Madeira, onde teve
o direito sobre as saboarias da Ilha. Foi Maciot, Cavaleiro da Ordem de Malta e casou com uma filha de Rui
Gonçalves da Câmara, sem geração, mas deixou geração ilegítima, quer na Ilha da Madeira quer nas
Canárias, que continuaram o apelido. Maciot de Bethancourt instituiu o morgado de Águas de Mel, que
passou, por falta de geração legítima, a seu primo Gaspar de Bethancourt, supra referido, pai do sobredito
Gaspar Perdomo. Assim, os Perdomo das Ilhas Canárias, são também desdendentes dos Velho .
Pela data aproximada em que se deve ter efectuado este casamento, podemos supor que tenha algo que ver o
facto de Diogo da Silva, conde de Portalegre, que era parente de D.Leonor Velho, e um dos senhores da
conquista de Canárias, e o facto de a filha desta, D. Brites Velho, ter casado com um descendente de João
de Bethancourt, o 1º conquistador daquelas ilhas. Dos amores de Diogo da Silva e uma aborigem canária,
nasceu Inês Chimida, a qual fundou o mosteiro de S.Pedro o Mártire, na cidade de Telde, Ilha de Gran
Canária, destinado à curação de doentes. Ainda hoje se pode ver a pequena Ermita, subjacente àquele
desaparecido mosteiro. -
Telde, 28 de Julho de 2009
© Fernando Leite Velho
2 Encontrei na Torre do Tombo a este Lançarote, que andou navegando no tempo de D. João I, o que me chamou
poderosamente a atenção, pois pode ser que tenha sido este a dar o nome à Ilha Canária de Lançarote e não como
aparece normalmente aceite na historiografia tradicional, de que teria sido o nome desta Ilha derivado de Sir
Lancelot, ou como diz Leonardo de Torriani na sua História, “ Descrição e história do reino das Ilhas Canárias”, ser
o nome derivado do françês lanscurt, e que depois os espanhóis corrompendo este, a chamaram de Lançarote.
Também é verdade que temos a outro “Lançarote Pessanha, que foi almirante no tempo de D.Pedro I e D.Fernando,
filho de Micer, Manuel Pessagno, que veio de Genova servir a D.Diniz, que o contratou como Almirante de Portugal,
para organizar a marinha do Reino de Portugal. Outro filho de Manuel Pessagno, Bartholomeu Pessanha, casou com
D.Leonor Gomes de Azevedo, filha de Gonçalo Gomes de Azevedo, alferes de D.Afonso IV”. In Armorial Lusitano

miércoles, 3 de junio de 2009

SUBSIDIOS PARA A HISTORIA DA GUERRA DE ANGOLA

O DESEMBARQUE DOS MÍSSEIS SCUD EM MOÇÂMEDES

Entre Agosto e Setembro de 1979, desembarcam em Moçâmedes mísseis SCUD de fabicação Sovietica.
Uma semana depois, aviões sul-africanos bombardeiam algumas posições militares perto do porto de Moçâmedes além da estrada e caminho de ferro, que une este porto com a cidade da Huila, mas o certo é que os mísseis já haviam passado para o planalto da Huila, para zona que desconheço.

Como se procedeu a esse desembarque:

Estando naquele porto como Piloto da Barra, certo dia que não posso precisar, mas que terá ocurrido entre Agosto e Stembro de 1979, sou visitado nas instalações da Capitania do Porto, por oficiais cubanos, que avisão a mim e ao piloto assistente que estava em práticas nesse porto, baixo a minha supervisão, de que deviamos proceder, a meia tarde, a retirar a todos os navios que estavam atracados ou nas cercanias do porto, e que os deviamos levar para o porto do Giraul, afastado cerca de tres milhas maritimas, e alí fundear-los, com ordens de que deveriam permanecer essa noite com as luzes apagadas. Creio que havia dois navios de bandeira Grega e um português, além de outros dois, que creio de bandeira de Panama.
Assim que cumprimos essas ordens, voltámos à Capitania, e fomos informados de que permaneceriamos militarizados até nova ordem, e que deveriamos acompanhar aos oficiais cubanos pelo resto da tarde e noite. Entretanto foi dada ordem de recolher obrigatório para a cidade, a partir das nove da noite e a luz foi cortada, ficando a cidade completamente ás escuras.
Sobre as dez da noite somos levados ao porto e durante o trajecto nos indicam que iremos a proceder a atracar um navio mercante e que toda esta operação se deve manter no mais rigoroso secreto. Embarcamos na lancha de Pilotos e avançamos para o meio da baia, com a unica referencia da pouca luz da lua, e sobre as doze da noite avistamos uma luz de lanterna em direcção do mar alto, á qual nos dirigimos. Durante todo este tempo estamos acompanhados por um oficial cubano.
O navio que nos espera è um roll-on-roll-off, ou um portacontentores com rampa de pôpa, sovietico. Procedemos de imediato a atracar o Kapitan... e logo depois de atracado o navio, nos indicam que devemos permanecer a bordo para que logo de terminada a descarga se proceder a desatracar-lo. Também nos indicam, que não deveremos aproximarnos das vigias e janelas, que mantém as cortinas cerradas, nem sair da cabine/ salão do Comandante do navio.
Entretanto subem a bordo alguns oficiais superiores cubanos, creio que entre eles o General Ochoa, e o Comandante em Chefe do exercito angolano para o sul de Angola, o Comandante "Gato".
Para melhor passar aquelas horas em que estão a descarregar o navio, somos brindados com alguns acepipes e nos dão algo de comer, enquanto nos servem ou cerveja alemã ou vodka sovietico e mesmo run cubano.
Em detrminado momento devo ir ao banho e, levado pela curiosidade, aproveito para espreitar pela vigia do banho, que estava meio aberta, e fico estupfacto pela visão de enormes camiões rusos, com um carregamento muito especial: Os enormes SCUD sovieticos, estavam a ser desembarcados pela primeira vez em Angola. Os pensamentos são desencontrados e, se o medo de conhecer o segredo daquela operação me assalta a mente, os sentimentos de orgulho patriotico também me assaltam, e com certo optimismo, penso que a arrogancia do regime sul-africano, que impunemente invadia e bombardiava Angola, a partir daquele momento teria que pensar se continuar ou não com as suas acções...
Sobre as quatro da manhâ terminava aquela missão secreta, e depois da manobra de desatraque, pudémos regressar a casa e descançar. Durante largos anos, mantive o segredo mais absoluto sobre esta operação mesmo depois de ter saido de Angola, o que aconteceu poucos meses depois daquela missão.
Poucos dias depois, em casa de alguns amigos cubanos, (o mecânico Sala e o oficial cubano de ligação portuária Rabaças), logo de ter vencido por 1ª vez uma partida de xadres ao Sala, que era campeão da sua cidade, dou um salto de alegria e sufro um pequeno accidente e parto um dedo do pé dtº...
Entro de baixa médica e vou descançar para a casa dos meus pais no Lobito, e logo me desloco a Luanda tentando conseguir autorização para ir de férias a Portugal, onde viviam a minha mulher e filhos, dos quais não conhecia o segundo, por ter nascido em Portugal e porque não tinha conseguido até então autorização para sair de Angola, devido a que então era considerado um trabalhador indispensável para aqueles momentos do País. Várias exposições feitas ao Ministro de Transportes, tiveram como despacho aquela cconsideração. Guardo ainda hoje cópoia desses documentos.
Volto ao porto de Moçâmedes alguns dias depois, para revisão médica, e para tal me facilitam embarcar como passageiro a bordo de um Ilushin sovietico, onde encontrei uns quantos reporteiros de diversos meios de comunicação, tanto de Angola como de paises da órbita sovietica, entre os quais um, que anos antes nos tinha entrevistado no porto de Luanda, quando estavamos em praticas para Pilotos de Barra, (de uma televisão russa), e que iria sobrevoar e filmar os estragos dos bombardeios sul-africanos, que entretanto tiveram conhecimento de que armamento pessado havia sido desembarcado naquele porto do sul de Angola. Sobrevoámos a estrada da Leba, parcialmente destruida, as pontes do caminho de ferro, também destruidas e as instalações militares perto do porto de Moçâmesdes que também haviam sido destruidas. Logo aterrizamos em Moçâmedes onde, depois da revisão médica, sou impedido de volttar ao Lobito, apesar de estar de baixa médica.
Com o pretexto de que era uma peça chave para a economia do País, estive práticamente com residência vigiada, durante a minha estadia de quase nove meses em Moçâmedes, impedido de poder sair da cidade e inclusivé de visitar a vizinha cidade da Huila e mesmo de ir passar o fim de samana a praias cercanas á cidade de Moçâmesdes. Quando me acercava á saida da cidade, alí estava o militar de guarda que me pedia o salvo-conduto especial, que deveria aportar se pretendesse sair da cidade, caso que únicamente se aplicava a mim... Assim era de duro a vida naquela altura em Angola.
Também por isso, resolvi não regressar a Angola depois do periodo de férias em Portugal, que finalmente consegui em Novembro de 79...
Anos mais tarde soube, segundo declarações de um oficial cubano, que a inteligencia militar sovietica tinha detectado que os sul africanos estavam a ponto de conseguir a bomba atómica, e que a inteligencia cubana, informada de essa posibilidade, teria conseguido um acordo com os sovieticos para meter em Angola uma arma dissuasória que ameaçasse retaliar qualquer intervenção sul africana de tal envergadura. Isto justifica o envio dos SCUD para aquele tearto de guerra. Caso os sul africanos bombardeassem Luanda ou outra cidade importante, a retaliação chegaria com o bombardeamento de cidades sul africanas, e para isso, só os SCUD serviriam.

Claro está que para o teatro de guerra no interior de Angola, o uso dos SCUD não serviriam. Ao ser um missil de alcance médio, colocados algures no sul de Angola, poderiam alvejar qualquer cidade sul africana. Desconheço se algum SCUD teria sido desembarcado em Luanda, mas estratégicamente a sua utilização serviria apenas para alvejar o interior da Africa do Sul. Também desconheço se alguma vez se chegou a lançar algum SCUD como aviso aos mandos militares e civis da África do Sul.-

Telde,17 de Maio de 2009

Fernando Toulson L.Velho

lunes, 27 de abril de 2009

COLÓN Y LOS ALÍSIOS

Bajo el título de "TAMBIÉN MADERA TUVO SU SAN BORONDÓN", aprovecha el Catedrático D. António Bethencourt Massieu para nos presentar las obras del Doctor Alfonso Enseñat de Villalonga, sobre Colón.
Bueno, hay que puntualizar el escrito aparecido en el Diario de Las Palmas, "La Provincia", el día 24.04.
En primer lugar hay que decir que algunas de las conclusiones a que llega el Doctor Enseñat, son del todo polémicas, al apuntar como verdades hechos y documentos que son bastante discutibles .
Vamos a apuntar las que a nuestro entender son las más evidentes:
Colón, es un personaje que evidencia tener estudios superiores, dominando el latín y conoce los clásicos, ahora bien, sí como nos indica el Profesor Enseñat, Colón empezó a navegar como pirata a los catorce años y luego evoluciona a corsario, poco tiempo tuvo para se dedicar a estudios de latín y de obras clásicas, menos como tripulante en embarcaciones del S. XIV. A mi ver, hay una incompatibilidad entre su vida marítima y sus conocimientos de lenguas y de literatura clásica.. Podremos estar a mesclar a varios Colóns, que como bien refiere Enseñat, "en la época aquella debería haber varias familias de este apellido".
También olvida Enseñat que Colon caso en Lisboa con una noble portuguesa, que era un personaje que se sentaba en la mesa con reyes, se codeó con los mayores sabios y nobles de su época, algo impensable para las costumbres del S. XIV sí Colón no fuera también el, un noble.
Según Enseñat, Colón tendría nacido en una familia pudiente, lo que contradice la tesis oficial de que seria hijo de una familia de pobres tejedores de lana, así los documentos italianos que apoyaban esta tesis ahora tendrán que adaptarse a las tesis de Enseñat y demonstrar que finalmente la familia de Colón no era a de tejedores de lana, pero de comerciantes pudientes....
"Tendría estado Colón en Lisboa de niño, al haber allí estado su padre como comerciante..." No creo que haya alguna noticia o documento que avale esta afirmación de Enseñat.
Otra cuestión que nos sorprende es la afirmación de que Colón tendría pertenecido a un "albergo" genovés... Esto está demostrado no ser verdad, y más una vez Enseñat coloca hipótesis no apoyada en documentación veraz y contrastada. Mucho se ha escrito sobre las armas o blasón del Almirante, tentando justificar el mantel del mismo como un símbolo de un "albergo" de Genova. Un "albergo" era una especie de cofradía de artesanos o de grupos profesionales agregados en un sindicato, pero no hay documentación alguna que avale la pertenencia de la familia de Cristóbal Colón con estos "albergo".-
Otra afirmación que nos sorprende en el escrito de D. António Bethencourt Massieu, es que nos da a entender que Colón habría descubierto el régimen de los Alisios, lo que es una inexactitud histórica, ya que los navegantes portugueses en el año de 1480 acumulaban una experiencia de navegar hasta Canarias de más de 150 años, habían llegado a las Islas de Azores en 1432, sabían regresar de sus viajes desde el Golfo de Guinea desde 1470, en un circulo de navegación que habían tildado de "vuelta del mar", que pasaba por Cabo Verde, el mar de los Sargazos, las Azores y finalmente Lisboa, justamente aprovechando los alisios y contra alisios... Habían descubierto el régimen de los vientos y la navegación por el Atlántico Norte, y por eso tropezaron con las Azores en 1432, posiblemente en el regreso de alguna de sus viajes a Canarias.-
Quizás por eso mismo, por la experiencia de casi cuatro siclos de navegación por los mares macaronesicos, la búsqueda de la mística Isla de San Borondón tendría sido descartada por los portugueses, bastante antes que los castellanos que la han buscado hasta 1722...
Verdad sea dicho que en mi larga experiencia de navegación por estas aguas, he observado fenómenos meteorológicos que pudieron llevar a creer estar en vista de tierra. Solamente la existencia de mapas nos ayudan a disipar dudas, es más, en viajes de Canarias a Mauritania, por algún fenómeno meteorológico inexplicable, variadas veces he tropezado con la mística S. Borondón, en forma de eco en el radar, siempre en la misma zona y con la misma forma, lo que llevó a algún inexperto piloto a rehacer sus cálculos, creyendo que estaba en las costas de África, cuando en realidad estaba frente a un falso eco ... Cualquiera que tenga viajado de Maspalomas hacia el norte, en un final de tarde, tendrá tropezado con un muro de nubes al norte del aeropuerto, que por veces aparece como una gigantesca isla vecina. Hay que disculpar a los antiguos marinos visto que S. Borndón, todavía hoy existe-
No puedo analizar más sobre el asunto, al no haber leído los dos libros del Profesor Enseñat, (que ya los tengo encomendados) pero así que tenga más información volveré para los comentar.
Colón merece nuestra atención y siempre es un fascino hablar sobre este personaje histórico.-

Bueno, al leer al Profesor Enseñat, la desilusión se aferra a mis principios cuando leo estas frases deste Sr. : "el condestable dom Pedro de Portugal -rey intruso de Cataluña-"

Ora um historiador, con tal frase indica que tiende a la iberización de la Peninsula Ibérica, y por lo tanto su ceguera solo podria ter dado en tamaña "parrafada". Llevarse por sentimientos, en este caso anti portugueses, solo conduce a su descrédito.- Sus averiguaciones sobre Colón, pasan a serme indiferentes este Sr. está contaminado, no sirbe para historiar.-

Otra visión nacionalista de ests Sr. lo lleva a escribir otra parrafada:" "el Nuevo Mundo debiera haber recibido el nombre de Escocia y no el espúreo de América"...
Bueno, luego de descobrir que Colón descenderia de una familia escocesa, para él el nombre lógico para el Nuevo Mundo no seria Colombia, pero Escocia, acabando en el cúmulo de aburrir de Américo Vespúcio, y llamar espúrio a este gran nauta y descobridor, el primer que navegó por la mayor parte de del Nuevo Mundo, tanto al servicio del rey portugués como del castellano (nombrado Almirante Mayor de Castilla) y que por eso mismo tuvo la intuición de que las tierras visitadas pertenencian a un nuevo continente o mundus novus.

viernes, 17 de abril de 2009

FRASE DEL DIA

"Los hijos anteriormente formaban parte de una unidad de producción, hoy forman una unidad de consumo..."

La escuché de mi amigo D. Manolo Calderín, y me parece genial y de mucha actualidad.-

martes, 27 de enero de 2009

Relaciones Luso-Canarias


RELACIONES HISTORICAS ENTRE CANARIAS Y PORTUGAL,
OTRA PRESPECTIVA HISTÓRICA


El poco o nulo conocimiento que envolvé las relaciones históricas entre Canarias y Portugal, me han llevado a este pequeño resumen y abordaje sobre las relaciones entre estos dos pueblos.
Aquí, pretendo desmitificar algunos tópicos históricos, muchas veces dados como verdades irrefutables, pero que se basan en falta de rigor y en documentación no veraz.
Vamos abordar en primer lugar, las noticias sobre las primeras visitas a estas Islas de europeos.
Sí es punto aceptado que los romanos y fenicios las han visitado, ya otras pretendidas visitas no están tan isentas de critica, por no haber documentación que las avale. Vamos a apoyarnos en los estudios del historiador portugués, Vizconde de Santarém y en el magnifico libro del también portugués J.M. Latino Coello que lleva por título "Vasco da Gama", onde narra el primer viaje de los portugueses a la India y la vida del gran navegante.
Una de las leyendas mas antiguas, contadas por los geografos Edrisi e Ibn Al-Wardi, dice que ocho árabes de Ashbuna, la actual Lisboa portuguesa, y que serian primos, resolvieron equipar una embarcación para buscar la verdad de lo que contenía el océano y desvendar sus misterios. En su navegación, habian llegado a una isla que denominaron isla de los Carneros, y siguiendo navegando más al sur durante doce días, han ido dar a otra isla adonde el reyezuelo local les acudió y luego de alguna demora, los mandó lanzar maniatados y con vendas en los ojos a una playa remota onde permanecieron. Les salvaron los proprios indiginas que luego de los liberaren indicaron que de allí a Lisboa demorarían mucho más de un mes de viaje. Según Edris, en memoria de estos nautas haberia una calle en Lisboa (dedicada a estos) con el nombre de Maghrurin o Mogharirin o calle de los aventureros. Esta aventura tubo lugar en la primera mitad del siglo doce. La isla Carnero estaría en Canaria ? y doce días de viaje más al sur la otra isla seria la de Arguín en la actual Mauritania...
Según J.J. Da Costa Macedo en " memorias en que se pretende probar que los árabes no han conocido las Canarias antes que los portugueses", (in Memorias de la Academia real de las ciencias de Lisboa, tom. II, parte II, p. 87) se puede leer que en el tiempo de Edrisi (sec. XII) las navegaciones árabes al longo de la costa africana no iban mas aya de cuatro días de viaje al sur de Safi. En el tiempo de Ibn Khaldun (1377) los viajes de los musulmanes al longo de la misma costa no iban más aya del cabo Nâo (cabo No). Esto significa que las Canarias no haberian sido visitadas por los árabes del Magreb en esa época...
Sorprende que a pesar de los portugueses ya conocieren las islas en 1341, que todavía aparezca en la carta de Pizzigani de 1367, las míticas estatuas de bronce apuntadas por Edrisi, como existiendo en las islas ditas Afortunadas, "dos estatuas de piedra de cien côvados de altura e sobre cada una de ellas una figura de bronce, que esta con su mano haciendo señales a los navegantes para que no sigan navegando más allá".
Es cierto que el geografo árabe Ibn-Saïd, en el siglo XIII refiere que Ibn-Fatima, habiendo embarcado en Nul-Samtha, naufragara en la costa occidental de África, y prosiguiendo en una pequeña embarcación su navegación hacia el sur, había avistado un promontorio en que el texto arabio define como una montaña resplandeciente (al djebel alammâ), que seria el cabo Bojador... según Perchel y Reinaud y según el Vizconde de Santarén seria el Cabo Blanco...
El proprio nombre de Canarias esta más envuelto en suposiciones que en verdades documentadas. Así, se dice que habian recibido este nombre de los romanos, o del rey Juba, que allí habia encontrado perros de gran tamaño, canes, derivando el nombre de este facto, pero el cierto es que la arqueología desmiente este supuesto, una vez que en los vestigios de ocupación de los poblados guanches, no se encuentran vestigios óseos de perros que avalen esta proposición.
El mismo pode riamos decir del nombre de la isla de Lanzarote, que según Leonardo de Torriani, seria del francés "lanscourt", palabra que ni tan siquiera existe en francés, o como otros pretenden de lanza corta, lo que no está ni más ni menos demostrada. El más probable es que derivara del navegante genovés Lanceloto Malocello, que en expedición enviada por el rey portugués D. Dinis, habia conquistado la isla entre 1310 y 1330 y que allí habia construido una torre, cuyas ruinas habian sido visitadas por los conquistadores normandos Juan de Bethencourt y Gadifer de la Sale. Sí en el planisferio de Angelino Dalorto (1325) no aparecen todavía las Canarias, ya en la carta de Dulcert (1339) está dibujada la ínsula de Lanzarotus Marocellus (sic). En la carta de Pizzigani (1367) el arquipelago aparece casi completo, con la representación del emblema de Genova y barcos venecianos y genoveses navegando hacia el sur. El nombre de Lanzarotto Malocello y la bandera de Genova continúan apareciendo en las siguientes cartas: Laurenciana (1351), Catalana (1375), Viladestes (1413), Pareto (1455). (ver nota nº 60 al códice del libro "Descripción y historia del reino de las Islas Canarias", de Leonardo de Torriani, edic. Cosmos, Lisboa 1999).
Lo que es cierto es que el rey DD.Diniz de Portugal, había creado en 1310 el puesto de Almirante de Portugal, tiendo sido el primer de este titulo Nuno Fernandes Cogomiño y poco después, en el año de 1317 contrata para organizar la marina portuguesa a Micer Manuel Pessagno, genovés, el cual fue nombrado almirante de Portugal, este, de su segundo casamiento con la noble portuguesa Leonor Alfonso tuvo por hijo a Micer Lanzarote Pessanha, (Pessagno) que sucedió a su medio hermano Micer Carlos Pessanha, en el oficio de Almirante. Este Lanzarote Pessanha aparece en los Archivos Históricos de Lisboa, conocidos por Torre del Tombo, como habiendo visitado las islas Canarias. Posiblemente sería debido a este que la referida isla pasó a ser llamada de Lançarote, en castellano, Lanzarote...
Lanzarote Pessanha vivió en los reinados de los reyes portugueses, D.Alfonso IV, D.Pedro I y D.Fernando I. ( 1325-1357; 1357-1367; 1367-1383, respectivamente).
Se sabe de diversas navegaciones emprendidas a Canarias por los portugueses, en estos reinados, en especial la enviada por Alfonso IV el 01 de julio de 1341...
Verdad es que también encontré a un otro Lançarote Rodrigues do Lago, pocos años posterior a aquel, que navegó en tiempos de D. Juan I de Portugal, sucesor de Fernando I. De uno de los dos, poderla ter derivado el nombre de la isla.- (ver IANTT on line)... Juan I era padre del conocido Infante D.Henrique el Navegante, que envió diversas armadas a las islas Afortunadas.
Anteriormente, en carta de Alfonso IV de Portugal al Papa Clemente VI, datada del 12 de febrero de 1345, este rey protestaba contra la decisión pontificia por haber concedido las Afortunadas a D.Luis de La Cerda el 15 de noviembre de 1344, aduciendo el rey portugués, que ya allí había estado con anterioridad, esto es el 1 de julio de 1341. Efectivamente, en documento encontrado en la Biblioteca Nacional de Florenza, se declara que Niccoloso de Recco, genovés, había estado en las Canarias al mando de una embarcación enviada por el rey de Portugal y que allí habían aportado el 1 de julio de 1341. (ver Archivos Secretos del Vaticano, Libro 138, pag. 148-149- in El Misterio de Colon Revelado, Edit. Ésquilo, Lisboa, 2006) Las cartas náuticas anteriormente apuntadas, por defecto han apuntado naves genovesas cuando en verdad deberían indicar naves portuguesas bajo mando de gente de Genova...
Mas tarde tenemos al normando Juan de Bethencourt y su compañero Gadifer de la Sale, que con el apoyo del rey de Castilla, emprenden en 1402 la conquista de las islas de Lanzarore, Fuerteventura e Hierro. En el año de 1418, vendió Juan de Bethencourt sus derechos al conde de Niebla, manteniendo Maciot de Bethencourt, sobrino del anterior, el gobierno de Lanzarote. Este cedió el gobierno de esta isla al infante portugués D.Henrique el Navegante, que en trocale concedió el derecho de las jabonerías en la isla de Madera.
La fuerte expedición que, en 1424, el infante D. Henrique envió a las Canarias, compuesta por 2.500 hombres de a pié y a caballo, bajo el mando de D. Fernando de Castro, que costó cerca de 39 mil doblas, tuvo que regresar sin haber obtenido cualquier resultado.. Posteriormente se envió otra expedición en el año de 1427, comandada por Antónimo Gonzalves da Câmara, hijo del mandatario de la isla de Madera , Juan Gonzalves Zarco da Câmara, y cuñado de Maciot de Bethencourt, que había casado allí a su hija Maria con un hijo del Zarco. Este Zarco vendría a ser, por su vez, 4º abuelo de Filipa Moniz, mujer del Almirante D.Cristobal Colon...
En el año de 1440, envía el infante D. Henrique nueva expedición a Canarias, comandada por Diego de Silva, que mas tarde vendria a a ser 1º conde de Portalegre. Esta expedición ha sido encargada por el infante D.Pedro, hermano de Henrique el Navegante, y la flota la organizó Juan Carnero, y según Sousa Viterbo, las despesas alcanzaron los 710 mil reales blancos.
El año de 1445 Alvaro Gonzalves de Ataíde, 1º conde de Atouguia, y tutor del rey portugués Alfonso V, enviá una armada compuesta por 26 caravelas en dirección a Guinea llevando por capitán a Juan de Castilla conjuntamente con una caravela de Picanzo y otra de Tavira (dos villas del sur de Portugal) que aportaron a Palma y Gomera, donde han realizado algunas incursiones con la ayuda de dos capitanes, Bruco y Piste que allí residian, los cuales se han puesto al servicio del Infante D. Henrique el Navegante. Los portugueses se asientan así en parte de La Gomera y La Palma. Quizás por eso, por carta regia de 03 de febrero de 1446, el rey portugués manifiesta de nuevo los derechos de la corona portuguesa sobre las Canarias... (n.a.: Bruco y Piste, parecen ser nombres corrompidos de indígenas).
"Por alturas del casamiento de Enrique IV de Castilla (rey, 1454-1474) con D.Juana de Portugal, D. Martiño de Ataíde, 2º conde de Atouguia, hubo las islas Canarias por donación del rey castellano, posteriormente este D.Martiño las vendió a su familiar, el marqués D.Pedro de Menezes, Conde de Vila Real, que por su vez las vendió al infante D.Fernando. Este envió a Diego de Silva a tomar pose de ellas." (in Descripción y historia del reino de las Canarias, de Leonardo de Torriani; nota al códice con nº 47, Ediçôes Cosmos, Lisboa 1999).
Una otra expedición habia tenido lugar en el año de 1448, comandada por Alvaro de Ornelas, sin suceso. Luego en seguida, otra mandada por Antâo Gonzalves, también sin suceso.
Finalmente por los tratados de Alcazovas de 1479 y de Tordesillas de 1494, Portugal y Castilla por fin llegaron a acuerdo sobre el derecho de conquista de las Islas Canarias, pero, el rey portugués Juan II, por el tratado de 1479 se aseguraba las Islas Canarias por el casamiento (1490) de su hijo Alfonso con la princesa Isabel, (1470 †1498) hija y heredera de Isabel la Catolica. Esto solo se truncó por la muerte prematura del infante Alfonso † 1491. El casamiento se consumó en Elvas cuando Alfonso tenia 14 años y los esposos fueron jurados príncipes herederos de los reinos de Portugal, Castilla y Aragón (1476-1478). Alfonso vino a fallecer en los campos de Granada, cuando participaba en un festival al caer del caballo partiéndose el cuello.. Este ha sido una de las tentativas frutadas de los portugueses de anexionarse los reinos de Castilla y Aragón a Portugal. Posteriormente, Isabel de Castilla y Aragón, viúda del infante Alfonso de Portugal, casaría en 1497 con Manuel el Afortunado, primo de Juan II de Portugal, a quién habia de suceder.
El rey Manuel I el Afortunado y Isabel, que habian sido jurados como herederos al trono de Castilla en Zamora, (1497-1498) (pero no de Aragón) fueron padres de Miguel (1498) nombrado en ese mismo año de su nacimiento por las cortes de Portugal, Castilla y Aragón como heredero. Esta ha sido la última tentativa de los reyes de Portugal de hacerse con las coronas de Castilla y Aragón. Miguel vino a fallecer niño en Granada ( †1500) o envenenado o de malaria. Ver, Enciclopedia Larousse: Trastamara-
Pero volvemos a Diego de Silva. Quién era realmente este Diego de Silva, que permanece todavía hoy bien presente en la vida de los isleños de Gran Canaria?
"Hijo de Ayres Gomes de Silva e de D.Isabel de Meneses, de nobleza antigua galaico-portuguesa, falleció el 20 de noviembre de 1504. Valiente combatiente en Marruecos y en Canarias, Señor de Gouveia, Celorico, Seia e Sâo Româo y otros lugares en Portugal, nombrado por alvará regio el 6 de noviembre de 1498 Conde de Portalegre, con el nombre de D. Diego de Silva y Meneses. Enviado por el rey D.Alfonso V de Portugal para defender los derechos portugueses sobre dichas islas Canarias en virtud de la donación que Maciot de Bethencourt había hecho al infante D.Henrique. Los reyes de Portugal y Castilla, buscando solventar la cuestión de Canarias, establecieron un acuerdo por el cual las islas continuarían a ser señorío de Diego de Herrera y de su mujer D.Inês Peraza, a condición de que Diego de Silva, jefe de la expedición portuguesa, casara con D.Maria de Ayala, hija y heredera de Diego Garcia de Herrera, señor de las islas de Lanzarote, Fuerteventura y Gomera por su casamiento, y de su mujer D.Maria Inés Peraza de las Casas" (Heredan estos señoríos en 1452). Diego de Silva quedaria así con la herencia de estas islas para sus hijos. (in nota nº 160 al códice, in "Descripción y historia del reino de las Islas Canarias" de Leonardo de Torriani, ibiden)
Por otro lado, la isla de Gran Canaria seria dividida en dos grandes señoríos, con frontera en dos barrancos todavía hoy conocidos como "Barranco de Silva": a naciente, al sur de la ciudad de Telde y a occidente en la Aldea. La parte a sur de esta demarcación, (el sur de la isla) seria señorío de Diego de Silva y sus descendientes, y el norte señorío de los reyes Católicos.-
El principal asentamiento de los portugueses en el sur de Gran Canaria aconteció en el pueblo del Castillo de Romeral, onde todavía hoy se pueden ver a orillas del mar, las ruinas de una fortificación portuguesa.
Años más tarde, 1578, algunos de los portugueses supervivientes de la batalla de Alcacer Quibir, en Marruecos, aportaron a este establecimiento considerado todavía de portugueses. Según alguna tradición de familias del Castillo de Romeral, el rey Sebastian I de Portugal, (muerto en esa batalla), tendria sobrevivido y allí también tendereria aportado, (y dejado descendencia) pasando luego a prisionero de su primo Filipe II, que pretendía la corona portuguesa, lo que vino a acontecer en 1580.-
Pasadas todas estas contiendas por el dominio de las Islas, volvemos a encontrar en la Torre del Tombo, en Lisboa, noticias sobre el intercambio comercial entre las Islas Macoronesicas, en especial de productos agrícolas. Así, cuando había algún problema de escasez de trigo o cebada, se procuraba enviar alguna embarcación a una de las Islas de otro arquipelago, en busca del pan, que faltaba en las otras. Variadisímas noticias pueden ser lidas en la pagina web del Archivo de la Torre del Tombo, visibilizadas en Internet.
La influencia de Portugal en las Islas se siente en especial en voces ligadas al campo y en la música, en especial con el timple, instrumento musical inventado por los marinos portugueses, conocido por estos como cavaquiño, que es una suerte de guitarra en miniatura, adaptada a las navegaciones oceánicas por el poco espacio en las reducidas dimensiones de las caravelas... Muchos apellidos canarios también son de origen portuguesa. Llamo en especial la atención para el apellido Perdomo, que tiene origen en los normandos Bethencourt. Así, Gaspar de Bethencourt, hijo de Henrique y primo de Maciot de Bethencourt, dejó un hijo bastardo, posteriormente legitimado, de nombre Gaspar Perdomo que casó con D. Brites Velho, hija de Juan Alfonso Coscos y de su mujer D. Leonor Velho, descendiente de una de las familias de nobleza mas antigua de Portugal. De Gaspar Perdomo y Brites Velho descienden tanto los Perdomo como una rama de Bethencourts.-
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Telde, 27 enero 2009


Fernando Leite Velho: Subsidios para la Historia de Las Islas Canarias

martes, 16 de diciembre de 2008

MEDIO AMBIENTE

Ruta por la costa de Telde
Saliendo por la Garita, por el paseo marítimo, en dirección sur, nos deparamos con la depuradora de aguas residuales del Municipio de Telde, planta que en su tiempo ha sido ejemplar, y que todavía nos sorprende por la técnica allí empleada.
Luego de separar los residuos sólidos por filtrado, las aguas son canalizadas para tanques de decantación donde por fermentación, las bacterias van digiriendo los residuos orgánicos depositándose en el fondo del tanque los fangos y por proceso natural las aguas ya medio depuradas son vertidas a otros depósitos para su purificación final. Luego de esta ultima “limpieza”, las aguas están listas para ser o bien aprovechadas para riego ó bien para ser lanzadas al mar.

Vista general de la planta depuradora


Siguiendo la ruta costera, nos deparamos con el Instituto Canario de Ciencias del Mar, y allí es posible acceder a una visita guiada, de gran interés científico, y en su salón noble se proyectan películas sobre las actividades más relevantes que allí se llevan a cabo.
En nuestra visita, nos han propuesto ver el programa de recuperación y protección de la tortuga boba, en colaboración con la República de Cabo Verde.

Eclosión de huevos de tortuga boba traídos de Cabo Verde.



jueves, 11 de diciembre de 2008

PORTUGAL: 900 AÑOS DE INDEPENDENCIA


La voluntad autonomista del pueblo que conforma hoy Portugal, se expresa en el momento mismo de las invasiones romanas en que los pueblos ibéricos de Lusitanos y Vetones resisten en enconada lucha el avance conquistador de aquellos...
Púnico ha sido el primer caudillo lusitano que, por los años 155-154 a. J.C. aliado con los vetones, habitantes de la extremadura portuguesa/ española actual, se enfrentó a Roma. Le sucedieron los caudillos Kaisaros (Césaro) [163 a.J.C.], Viriato (147-139 a. J.C.), y Sertório, el último caudillo que se enfrentó a Roma, en el 72 a. J.C., año en que la resistencia á la invasión ha sido vencida. Así, la patria de Lusitanos y Vetones, que comprendía aproximadamente la zona actual de Portugal al sur del Duero y la Extremadura actual, llegando hasta los alrededores madrileños, cuya capital ya en esa época era Olisipo, (actual Lisboa) finalmente es integrada al Imperio, como Provinciae Caesarís, ó provincia Imperial Romana.
Luego, con las invasiones de los bárbaros, Vándalos, Alanos, Suevos, Visigodos, etc, en que la historia de la resistencia no cesa, se va conformando poco a poco los estratos de los reinos peninsulares occidentales, en que la antigua tierra de Lusitanos y Vetones, luego de las invasiones Mahometanas, se reduce a un pequeño territorio que comprendía dos condados: el condado Portucalense con capital en Guimaraes, cuyo territorio estaba comprendido entre el río Miño y una región al sur del Duero, con frontera sur en el río Vouga, y el condado Conibricense, que comprendía la región al sur del Vouga y los territorios al norte del Tajo, con capital en Coimbra, dependientes ambos del reino de León.
Durante este período, los Lusitanos ora apoyan los reyes Leoneses, ora intentan imponer a estos sus intereses, llegando a imponer a algún rey en León, y cuando alguno se opone a sus intereses, llegan hasta al punto de lo envenenar, como ha pasado con el rey Leones, Sancho I, asesinado en Viseu en el año 987.
Según el historiador portugués José Mattoso, " Desde el principio del reinado de Alfonso III (866) hasta la muerte de Almansor (1002) los condes gallegos y portugueses ora se rebelan ora desempeñan un papel importante en la deposición de la mayor parte de los reyes Leoneses: deponen a Alfonso III (866); tienen rey propio entre 910-914, y entre 925-930; apoyan y elevan al trono a Sancho I el Gordo (951-956); re colocan en el poder a este contra Ordoño IV (959); se rebelan contra su antigo favorito Sancho I en el 965 y luego lo envenenan en Viseu al año siguiente. Eligen a Bermudo II en el 982 y luego se rebelan contra él en 987. Apoyan a Almansor ó aceptan acuerdos con el en el 997... Todo esto muestra claramente que los condes de Galicia y del norte de Portugal, estaban habituados a tomar las armas en mano por su propria iniciativa y riesgo para solventar sus intereses, oponiéndose, sí necesario fuera a los mismos intereses de los reyes."
En 1064, encontramos los dos condados, el Portucalense gobernado por el conde Menendo Nuñez y el de Coimbra gobernado por el mocárabe Sisenando Davidez, el "vicárius régis" de Alfonso VI de León... El sucesor y hijo de Menendo Nuñez, el conde de Portucale Nuno Mendez acaba muriendo en la batalla de Pedroso (1071) contra el rey Leonés Garcia, hijo del rey Fernando, derrota que debe haber sido muy importante, ya que el título condal queda vacante hasta el año de 1094..
Este año (1094), Alfonso VI de León entregó el condado Portucalense a un Cruzado, Enrique de Borgoña, sobrino de su mujer, que le había ayudado en sus luchas contra los musulmanes y hace casar a este con su hija Teresa. El condado de los portucalenses ya formaba entonces, una unidad territorial que iba del Miño al Tajo. Galicia, el otro condado del oeste peninsular, lo entregó Alfonso VI a otro Cruzado, D. Raimundo de Borgoña, a quién el rey Leonés hace casar con su hija Urraca. Estos dos primos de borgoña, eran nietos de Reynaldo I, conde Palatino de Borgoña y jefe de una de las casas feudales más importantes de Francia.
Para entender lo que pasó en ese momento crucial para la independencia definitiva de Portugal, hay que estudiar el momento político que atravesó el reino Leonés por las crisis generadas primero, por el reparto del reino de Castilla y León entre los tres hijos de Fernando I y segundo por la muerte prematura de Sancho, (†Uclés 1108) hijo y heredero de Alfonso VI de Castilla y León.
Con la muerte de Sancho, los derechos sucesorios pasan entonces para Urraca, condesa de Galicia. Esta, que entretanto enviudara de Raimundo de Borgoña,(†1107) asume el reino de León por muerte de su padre Alfonso VI, (1109) y entrega el condado de Galicia a su hijo Alfonso Raimundez. En el testamento de Alfonso VI, se obligaba a Urraca a casar con Alfonso el Batallador, rey de Aragón y Navarra.
Este matrimonio desplaza el poder político del oeste para el centro este peninsular, apartando prácticamente Galicia y Portugal de las decisiones políticas, lo que origina movimientos independentistas en ambos territorios. Los grandes señores apoyan a Alfonso Raimundez en Galicia, que ve peligrar ser rey de León y Castilla, sí su madre tiene descendencia con Alfonso el Batallador, mientras el Conde de Portugal, Enrique de Borgoña, tío de Alfonso Raimundez, interviene en la contienda entre Urraca y su marido Alfonso el Batallador y con interés evidente de conquistar poder y territorios, ora apoya a uno ora a otro esposo contendiente
Por eso, cuando muere Alfonso VI en el año de 1109, la nobleza gallega aclama a Alfonso Raimundez rey de Galicia (tenia 4 años) y Enrique de Borgoña en Portugal aprovecha esta circunstancia para se declara independiente. Es por lo tanto esta, (1109) la fecha que debemos considerar como el año de la Independencia de Portugal.
Enrique de Borgoña en el año de 1104 ya había emancipado Portugal de León en el plano religioso, al haber conseguido la elevación de Braga a arzobispado.
Á la muerte de Enrique de Borgoña (1114) su mujer, Teresa, asume la gobernación de Portugal como reina, continuando la lucha contra su hermana Urraca, que intentaba obligarla a desistir de su independencia. En la crónica de Alfonso VII de León se dice que los portugueses la titularon reina; la Historia Compostelana le da asimismo este título.
En el año de 1128, el hijo de Teresa, Alfonso Enriques, emprende la conquista del poder contra su madre, venciendo a esta en la batalla de San Mamede; D. Teresa Alfonses murió al poco tiempo en Galicia (1130).
Ahora bien, en documento de 13 de marzo de 1129 D. Alfonso Enriques todavía se intitula Infante de Portugal, cuando dona la región y castillo de Soure, lo que nos lleva a suponer que consideraba todavía a su madre como Reina de Portugal, a pesar de haber destronado a esta en la batalla de San Mamed. Este solo podría titularse Infante, sí se considerase hijo de Rey. En Castilla y León, así como en Aragón y Portugal, durante la Edad Media, los herederos al trono llevaban el título de Infante ( infans). También es significativo, que mientras su madre vive, D.Afonso Enriques no asume el título de Rey, pero sí de Infante. Era la norma de la época, en que se respetaba el título de Rey/Reina, mientras este/a fuera vivo/a. El pretendiente al trono apenas se consideraría Regente, aunque destronara a su antecesor y mientras este fuera vivo...
El texto de donación indicado dice:
"Esta doacção faço, não por mando, ou persuação de alguém, mas por amor de Deus,... e pelo cordial amor que vos tenho, e porque em vossa Irmandade e em todas as vossas obras sou irmão... Eu o Infante D.Afonso com minha própria mão.-"
"Esta donación la hago no por mando ó persuadido por alguién, pero por amor a Dios,... y por el especial amor que os tengo, y porque en Vuestra Hermandad y en todas Vuestras obras soy vuestro hermano... Yo el Infante D.Alfonso de mi puño y letra."
La batalla decisiva para el reconocimiento del poder real de Alfonso Enriques, acontece en el año de 1140, en que este vence los ejércitos de cinco reyes moros en la batalla de Ourique y, fortalecido por esta victoria, termina con el enfeuda miento de su reino al reino de León, y enfeuda estratégica mente Portugal a Roma. Firmada la paz con su primo Alfonso VII de León, (Alfonso Raimundez) en Zamora en el año de 1143, emprende el rey portugués y sus sucesores, la reconquista del territorio peninsular que fijaría la frontera de este País en el año de 1249 con la conquista definitiva del Algarve, frontera esa que es prácticamente la misma que la actual. La frontera portuguesa coincide prácticamente con los reinos de taifas del sur oeste peninsular, exceptuando las fronteras del reino Taifa de Mérida, cuyo territorio ha sido dividido entre Portugal y España ( actual Extremadura).
Portugal es el País con las fronteras más antiguas y estables del mundo, apenas con pequeñas alteraciones, la última en el año de 1801, en plena dominación napoleónica, con la célebre y deplorable "guerra de las naranjas". Tristemente, el territorio de los llanos de Olivenza es el único que no ha sido retrotraído a una nación después de la derrota de Napoleón, aun cuando por arbitraje internacional, se obligara a su restitución.
Portugal, impedido de poder expandirse para el interior peninsular, inicia su ciclo histórico de espaldas a esta y abre su espacio al océano, terminando este ciclo con la independencia de sus territorios ultramarinos (1974-1975) y su incorporación a la Comunidad Europea en el año de 1986. El último territorio ultramarino en perder la soberanía portuguesa ha sido Macau, en China, en el año de 1999, territorio portugués desde 1557.
Con Macau, se cierra un ciclo de 584 años de expansión ultramarina, por los cuatro puntos del mundo, que se iniciara en 1415 con la conquista de Ceuta.-
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Bibliografia:
Enciclopedia Larousse
Ver: Lusitania; Vetones; Viriato; España; Portugal; Galicia; León; Reinos Taifas; Urraca de Galicia; Teresa de Portugal; Raimundo de Borgoña; Enrique de Borgoña; Reynaldo I, conde Palatino de Borgoña; Sancho I; Alfonso VI; Alfonso VII; Fernando I; Alfonso el Batallador; Alfonso Enriques de Portugal; Alfonso IV de Portugal; Infante; Condado Portucalense; Condado de Coimbra; Reino Visigodo; Invasiones Mahometanas de la península; Almanzor.-
José Mattoso: Ricos Homens, Infanções e Cavaleiros (Ricos Hombres, Infanzones y Caballeros)
O Misterio de Colon Revelado ( El Misterio de Colón Revelado)
Paulo Alexandre Loução, Os Templarios na formação de Portugal ( Los Templarios en la formación de Portugal) nota 4 del cap. VII del libro O Misterio de Colon Revelado.